("FUMUS BONI JÚRIS")

terça-feira, 19 de abril de 2011

Significado da Páscoa


Texto : Êxodo 12:2-13


Páscoa, na língua hebraica é pessach, que significa passagem ou passar por cima. E esta idéia esta implícita em versos que referendam a esta festa em Êx 12.11,23,27. A páscoa celebrava-se com a morte de um cordeiro no dia 14 de Abibe (cf. Êx13.4). Abibe significa espigas verdes e corresponde ao primeiro mês do calendário hebraico. Durante o exílio, este nome foi substituído pelo nome babilônico Nisã, que significa, começo, abertura. Em nosso calendário este mês corresponde a março- abril. Neste estudo, estudaremos acerca do significado da páscoa.

Significado da Páscoa

O Homem moderno, em suas muitas ocupações, tem se esquecido do profundo significado da festa da Páscoa. Até porque, a versão secular desta data é apenas comercial e não religiosa. Exporemos aqui alguns significados que a páscoa tem dentro do contexto escriturístico.

Em primeiro lugar, a Páscoa significa libertação. A Páscoa surge como a festa que marcava o fim da opressão escravizadora de Faraó sobre o povo hebreu. A profecia a Abraão revelava que seus descendentes ficariam sob o domínio de uma terra estranha por 400 anos, mas que depois eles seriam libertados e sairiam com grande riqueza (cf. Gn 15: 13,14). E isto de fato ocorreu, mas não antes que esta festa fosse celebrada. E um pequeno detalhe, se esta festa era a festa da libertação, porque então ela foi celebrada antes da libertação propriamente dita?

Porque Deus quis ensinar que o sacrifício expiatório, a fé e a nossa obediência precedem a plena libertação, afinal, Israel não estava sendo libreto apenas de Faraó, mas também do Anjo Destruidor. E isto implica que a libertação espiritual sempre precede a física. Se o sangue do cordeiro não fosse derramado e aspergido sob os umbrais da casa, o povo de Israel teria sido destruído pelo Anjo. A libertação da páscoa reveste se, portanto, de um caráter introspectivo, por mostrar a necessidade pessoal de libertação por meio da substituição. E um caráter prospectivo, porque profetizava a libertação antes dela acontecer e prenunciava a obra de Cristo.



Neste sentido, a Páscoa devia ser celebrado por nos com profunda reverência, afinal, Cristo foi a nossa Páscoa. Sua vida foi posta como cordeiro que sendo morto derramou seu sangue em favor de muitos. A nossa libertação espiritual plena foi conquistada por Cristo, a nossa Páscoa. João Batista o chamou de cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (cf. Jo 1.29). Paulo disse que ele é a nossa páscoa (1Co 5.7), e ele mesmo prometeu a libertação a todos quantos crerem nele (cf. Jo 8.32,36 e Mt 11.28).

Aceitar o sacrifício de Jesus feito por nós como diz as Escrituras, é comer da páscoa, e estar no caminho da libertação espiritual. A Páscoa dos hebreus os libertou da escravidão, opressão, miséria e de seus pecados perante Deus. Esta libertação aponta para o começo de uma nova vida, liberta de todos os seus terrores e opressão.

Ao meditarmos o mistério da Paixão de Nosso Senhor Cristo cravado no madeiro da Cruz, salta-nos uma pergunta: por que Nosso Senhor – a própria inocência, que passou a vida fazendo o bem — tem morte tão cruel e é abandonado por todos, exeto por alguns que continuam adorando até hoje?

Ele não só disse, mas acompanhou com o exemplo de Sua dolorosa Paixão que não se pode amar mais alguém do que dar a vida por ele. Assim, Nosso Senhor nos amou com infinito amor, e depois de nos ter amado, ofereceu-se a Si mesmo como vítima pura, imaculada, resplandecente e impoluta.

A divina oblação pelos nossos pecados nos remiu, abriu as portas do Céu e, ao mesmo tempo, nos concedeu os meios eficazes para aplicar sobre nós os frutos de sua Paixão.

Deus se compadece de nós mais do que nós mesmos. E infinitamente mais do que as nossas próprias mães, que nunca se esquecem do fruto de suas entranhas. E, ainda que o fizessem, “Eu nunca me esquecerei de ti”, diz o próprio Deus. (Is. 49, 15).

Outras figuras nos livros sagrados que nos mostram o desvelo de Deus pelos homens são os campos férteis, os prados ensolarados, os regatos, as fontes, os vinhedos e o pastor de ovelhas que com cuidado apascenta seu rebanho.

Jesus Cristo é o verdadeiro Pastor. Ele instituiu — qual rochedo inabalável junto às águas tempestuosas e proferiu determinantemente em favor da SUA Igreja, com a promessa de que as portas do inferno nunca prevalecerão contra Ela. Cumulou-a da cura das almas, a economia da graça divina, das armas espirituais para combater o mal e promover o bem.

 " Eis que tudo se faz novo"...

Ezequiel profeta diz: “Dar-vos-ei um coração puro, e um novo espírito porei no meio de vós; tirarei o coração de pedra de vosso corpo e vos darei um coração de carne. Colocarei o meu espírito em vosso interior, e farei que caminheis em meus preceitos, guardando e praticando meus mandamentos”. (Ez. 36; 26).

Devido ao pecado original e às nossas faltas atuais sobre cuja malícia nunca é demais insistir, seríamos incapazes de apetecer por essa vida divina. Quem no-la proporciona é o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo, pelos merecimentos de Sua dolorosa Paixão e Morte de cruz.

Como um sol que se põe a brilhar no firmamento das almas, Ele abriu para o homem uma perspectiva cheia de esperança e de certeza. Nossa salvação — bem ao contrário do que sucedia no mundo antigo — tornou-se muito mais fácil com a Paixão de Cristo pela humanidade. Com a Nova Lei, só se perde quem quiser.

Distante de Nosso Divino Salvador, o mundo de nossos dias vive inutilmente à procura do gozo da vida, da felicidade já, agora e para sempre... Com isso, de que adiantou Nosso Senhor ter sofrido e padecido a morte de cruz com padecimentos inenarráveis, a ponto de exclamar: “Deus meu, Deus meu, por que me abandonastes?”

Na morte de Nosso Senhor, os elementos da natureza se desencadearam: o sol se velou, a terra estremeceu, os sepulcros dos mortos se abriram e houve desolação em toda a parte. Por quê? — “Povo meu, que te fiz eu, em que te contristei? Como paga de todos esses bens, tu preparaste uma Cruz para teu Salvador? Que mais deveria fazer que não tivesse feito?” Tu esqueceste de mim?

Páscoa significa também salvação da família. "...Aos dez deste mês tome cada um para si um cordeiro... para cada casa"(Êx 12:3). Observem que a promessa de Deus era que por meio do sacrifício de um cordeiro cada casa era salva da destruidor. Faraó havia dito ao povo hebreu que eles podiam ir, mas sem os seus filhos (cf. Êx 10:8-11) e nisto podemos entender a vontade do Diabo quanto as nossas famílias. Se você é um servo de Deus cuja vida Ele já libertou, Satanás irá tentar cativar seus filhos. E a Páscoa nos desperta para o fato de que a obra de Jesus foi suficiente para conceder libertação também a nossa família. O Senhor nesta ocasião quer te despertar para o compromisso que você, pai e mãe, tem diante de Dele para com sua família.

Páscoa tem profundo significado para o cristão por representar a obra de Cristo para a nossa redenção. Eu já havia dito que a as festas eram "sombras das coisas futuras"( cf. Cl 2.17), ou seja, elas tipificavam aquilo que, como no caso da páscoa, um dia tornar-se-ia história na encarnação do Senhor. E a Páscoa era exatamente uma antecipação figurativa da obra de Jesus no calvário. Observemos agora algumas similaridades do cordeiro da Páscoa e de Cristo a nossa Páscoa.

A pureza

O cordeiro pascoal era separado no décimo dia de Abibe (abril) e examinado minuciosamente antes do seu sacrifício no dia 14 de Abibe, pois o cordeiro tinha que ser "... imaculado".

Quando Lucas registra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém poucos dias antes da crucificação, o faz exatamente na hora em que o povo estava trazendo os seus cordeiros pascoais para serem examinados pelos sacerdotes. Segundo Hebreus 7: 26 Jesus tinha que ser declarado "... Santo, irrepreensível, imaculado, e inviolado pelos pecadores".

O exame dos sacerdotes

O cordeiro da Páscoa era submetido a um exame pelos sacerdotes que o julgavam, com base no exame de sua perfeição, apto para ser sacrificado. Quando lemos o relato de Mateus 22 do verso 15 ao 46, encontramos Jesus, o cordeiro de Deus, sendo examinado pelos herodianos, saduceus, escribas e fariseus e nenhum deles conseguiu achar nele nenhum defeito que o incriminasse e eles mesmo ficaram sem condições de responder-lhe nenhuma palavra ( cf. Mt 22:46).

Exame feito pelas autoridades civis

Em Jo 18:12, 28, encontramos Jesus sendo preso e levado ao tribunal na casa de Caifás, e como era ocasião da páscoa, os judeus não podiam entrar no tribunal para não se contaminarem, pois se assim fizessem não poderiam comer da páscoa. Naquele momento também, os cordeiros pascoais estavam também sendo examinados.

E Caifás queria evidências para o entregar a Pilatos, mas não as encontrou; por isso, ao invés de apresentar ofensa, disse apenas que se Ele não fosse ofensor não seria entregue (cf. Jo 18.29). Pilatos por sua vez, após ter examinado Jesus, "... não achou nele crime algum..." (cf. Jo 19.4). E com estas palavras, o veredicto legal e civil estava dado e três vezes Pilatos declarou que Jesus era inocente (cf. Jo 18: 28; 19: 4, 6).

A lei dizia que o cordeiro teria que ser sem defeito algum, senão, ele não poderia ser sacrificado ao Senhor (cf. Dt 15:21). Jesus foi achado sem defeito diante de todos depois de profundo exame e só depois foi crucificado.

Tendo em vista que o sacrifício do cordeiro pascoal era suficiente para justificar os hebreus diante do destruidor, o sacrifício de Cristo também foi suficiente para justificar o homem diante de Deus satisfazendo a justiça divina.

A aplicação da Páscoa

A páscoa, como é comemorada pelo mundo, não nos traz qualquer beneficio, mas quando entendemos que nossa Páscoa é Cristo, então chega a hora de tiramos das reflexões e práticas correlatas, muitas importantes lições.

Primeiramente aprendemos que se Cristo é a nossa páscoa, não faz sentido a comemorarmos com ovos e nem coelhinhos, tampouco com sacrifico de animais, mas através do nosso Senhor Jesus Cristo, a ceia do Senhor.

"E disse-lhes: Desejei muito comer convosco esta páscoa, antes que padeça; porque vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus e, tomando o cálice, e havendo dado graças, disse: Tomai-o, e reparti-o entre vós; porque vos digo que já não beberei do fruto da vide, até que venha o reino de Deus e, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós." (LC 22: 15- 20).

Neste episódio, ocorrido pouco antes da prisão e morte de Jesus, Ele introduz naturalmente a Ceia como substituta da festa pascoal do Antigo Testamento. Se observarmos, esta evidente que o Senhor não terminou a refeição pascoal antes de instituir a Ceia, antes, a ceia esta intimamente ligada à refeição pascal. O pão que era comido com o cordeiro na páscoa foi consagrado para um novo uso pelo Senhor e o terceiro cálice, que era chamado de cálice da bênção, foi usado como segundo elemento na ceia. Desta forma percebemos que a Páscoa foi trocado por Jesus pela Ceia.

Ademais, os sacrifícios pascoais tinham significado simbólico e apontavam para Cristo que haveria de ser apresentado em nosso lugar em sacrifício. Quando este estava a ponto de ser morto e cumprir as escrituras e tudo aquilo que estes sacrifícios pascoais prenunciavam há séculos, houve a necessidade de mudar o símbolo e o tipo. Afinal, haveríamos de continuar comendo cordeiros? Haveríamos de comer a carne de Cristo sendo Ele nosso cordeiro pascoal? E calo que não.

Mas como então comemorar este ato memorável feito por Cristo senão através da festa que ele instituiu, a santa ceia?

Aprendemos ainda que na ocasião da páscoa e da ceia, deveríamos meditar na tão grande libertação que Cristo a nossa Páscoa nos proporcionou.

Jamais deveremos esquecer o significado da páscoa e foi por isto que Jesus nos ensinou a Cear com a seguinte admoestação, "... fazei isto... em memória de mim...".

A memória deste acontecimento nos permite gozar da certeza da libertação do pecado, da morte e da miséria na qual estávamos, e nos permite olhar para o futuro com esperança já que cada vez que ceamos anunciamos a morte do Senhor até que ele venha ( cf. 1 Co 11.26). A nossa celebração da ceia, tão como foi a primeira celebração da páscoa pelos Hebreus, prenuncia que Cristo vira nos livrar da opressão deste mundo. Estamos anunciando que ele vira nos libertar deste mundo de angústias e que enquanto ele não vem, estaremos protegidos do Anjo Destruidor por efeito do seu Sangue que esta aspergido sobre sua igreja.

Em cada ocasião como esta devíamos meditar no poder do Sangue de Jesus.

Aprendemos três coisas com relação ao sangue do cordeiro de Deus:


1. O sangue sempre será o instrumento de libertação espiritual e moral.

2. Pelo sangue somos protegidos do Destruidor.

3. Pelo sangue de Jesus liberta a nós como guarda nossa família neste mundo.

Eu não poderia terminar este artigo sem mencionar a questão do uso de símbolos como o ovo de páscoa e o coelhinho como representantes significativos da páscoa, por isto vejamos:

O ovo de Páscoa e o coelhinho

Com o correr dos tempos muitas festas e tradições de diferentes povos acabaram se mesclando com a páscoa secular que atualmente conhecemos. Nas religiões orientais, na mitologia grega, nas tradições populares, o ovo sempre teve significado de principio de vida. O ovo aparentemente morto contém uma vida que surge repentinamente, acreditando-se por isto, que ele seja o símbolo da páscoa da ressurreição.

Outro fato é que depois da quaresma e da semana santa, comer ovos era um método conveniente e nutritivo para a preparação da páscoa. Embora haja divergência sobre os ovos da páscoa vindo do antigo Egito, como por exemplo, para alguns os ovos enfeitados era uma tradição começou na Idade Média. Séculos antes, porém, os chineses já costumavam colorir ovos que eram distribuídos aos amigos na Festa da Primavera, como lembrança da continua renovação da vida.

Para os historiadores, daí os missionários trouxeram o costume que acabou se transformando nos ovos confeitados. No século XVIII, a Igreja católica adotou oficialmente o ovo como símbolo da ressurreição de Cristo. Assim foi aceito um costume originalmente pagão, e, pilhas de ovos coloridos começaram a ser benzidos antes da distribuição entre os fiéis.

As lendas e estórias sobre os coelhinhos apareceram muito mais tarde por volta 1215 na Aláscia, França. Uma mistura de mitologia pagã, onde coelhos eram símbolos de fecundidade e abundância, com a tradição católica. O próprio sentido dos ovos como símbolo de vida se perdeu na história, mas até hoje os ovos de chocolates são vendidos sob a propaganda de um coelhinho.

Em nossos dias os ovos de chocolate e os coelhinhos de chocolate são os preferidos da meninada, porém é importante lembrarmos que estas coisas não possuem nenhuma relação com o sentido real da Páscoa. Também não são estes os elementos presentes na páscoa ou na ceia do Senhor, de forma que, se quisermos comprar ovos de chocolate, façamos isto como quem compra chocolate e não com reverência pascoal, por que a introdução, tanto do ovo como do coelho nesta data, e de origem paga e não cristã.

Ao exemplo dos Apóstolos, também nós devemos procurar andar nos caminhos do Senhor Jesus, em quem encontraremos a bondade, a misericórdia, o perdão e a clemência. Arrependamo-nos sinceramente, confessemos com toda a confiança os nossos pecados diante do Senhor e aproximemo-nos da sagrada mesa do Senhor Jesus Cristo. Assim teremos aproveitado a Semana Santa, e, quiçá, a vida como peregrino nesta Terra.

Que nesta data, depois desta simples exposição que fizemos sobre a Páscoa, procure pensar no real significado desta festa para nos, aplicando as lições que este tema sugere na sua vida, para que você goze do privilégio da genuína libertação por meio de Cristo, nosso cordeiro pascoal.

Jesus te abençoe e te guarde. Tu e tua casa.

Minha Fonte: Missão Evangélica no Brasil/Blog Fumaça do Bom Direito.



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