("FUMUS BONI JÚRIS")

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Peregrinos nessa terra, mais o sangue foi derramado.


Ao meditarmos o mistério da Paixão de Nosso Senhor Cristo cravado no madeiro da Cruz, salta-nos uma pergunta: por que Nosso Senhor – a própria inocência, que passou a vida fazendo o bem — tem morte tão cruel e é abandonado por todos, exeto por alguns que continuam adorando até hoje?

Ele não só disse, mas acompanhou com o exemplo de Sua dolorosa Paixão que não se pode amar mais alguém do que dar a vida por ele. Assim, Nosso Senhor nos amou com infinito amor, e depois de nos ter amado, ofereceu-se a Si mesmo como vítima pura, imaculada, resplandecente e impoluta.

A divina oblação pelos nossos pecados nos remiu, abriu as portas do Céu e, ao mesmo tempo, nos concedeu os meios eficazes para aplicar sobre nós os frutos de sua Paixão.

Deus se compadece de nós mais do que nós mesmos. E infinitamente mais do que as nossas próprias mães, que nunca se esquecem do fruto de suas entranhas. E, ainda que o fizessem, “Eu nunca me esquecerei de ti, diz o próprio Deus. (Is. 49, 15).

Outras figuras nos livros sagrados que nos mostram o desvelo de Deus pelos homens são os campos férteis, os prados ensolarados, os regatos, as fontes, os vinhedos e o pastor de ovelhas que com cuidado apascenta seu rebanho.

Jesus Cristo é o verdadeiro Pastor. Ele instituiu — qual rochedo inabalável junto às águas tempestuosas e proferiu determinantemente em favor da SUA Igreja, com a promessa de que as portas do inferno nunca prevalecerão contra Ela. Cumulou-a da cura das almas, a economia da graça divina, das armas espirituais para combater o mal e promover o bem.

Tal como o pastor zeloso por seu rebanho, a Santa Igreja do Senhor deve afugentar os lobos e os perigos que nos rondam em nome do Senhor Jesus. Infunde-nos pelo Batismo nas àguas, a vida sobrenatural e purifica nossas consciências das obras mortas; concede-nos o privilégio inaudito do perdão dos nossos pecados, restaura a graça perdida pelo pecado mortal; fortalece-nos com uma graça. " Eis que tudo se faz novo"... 

Ezequiel profeta diz: “Dar-vos-ei um coração puro, e um novo espírito porei no meio de vós; tirarei o coração de pedra de vosso corpo e vos darei um coração de carne. Colocarei o meu espírito em vosso interior, e farei que caminheis em meus preceitos, guardando e praticando meus mandamentos”. (Ez. 36; 26).

Devido ao pecado original e às nossas faltas atuais sobre cuja malícia nunca é demais insistir, seríamos incapazes de apetecer por essa vida divina. Quem no-la proporciona é o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo, pelos merecimentos de Sua dolorosa Paixão e Morte de cruz.

Como um sol que se põe a brilhar no firmamento das almas, Ele abriu para o homem uma perspectiva cheia de esperança e de certeza. Nossa salvação — bem ao contrário do que sucedia no mundo antigo — tornou-se muito mais fácil com a Paixão de Cristo pela humanidade. Com a Nova Lei, só se perde quem quiser.

Distante de Nosso Divino Salvador, o mundo de nossos dias vive inutilmente à procura do gozo da vida, da felicidade já, agora e para sempre... Com isso, de que adiantou Nosso Senhor ter sofrido e padecido a morte de cruz com padecimentos inenarráveis, a ponto de exclamar: “Deus meu, Deus meu, por que me abandonastes?”

Na morte de Nosso Senhor, os elementos da natureza se desencadearam: o sol se velou, a terra estremeceu, os sepulcros dos mortos se abriram e houve desolação em toda a parte. Por quê? — “Povo meu, que te fiz eu, em que te contristei? Como paga de todos esses bens, tu preparaste uma Cruz para teu Salvador? Que mais deveria fazer que não tivesse feito?”

Ao exemplo dos Apóstolos, também nós devemos procurar andar nos caminhos do Senhor Jesus, em quem encontraremos a bondade, a misericórdia, o perdão e a clemência. Arrependamo-nos sinceramente, confessemos com toda a confiança os nossos pecados diante do Senhor e aproximemo-nos da sagrada mesa do Senhor Jesus Cristo. Assim teremos aproveitado a Semana Santa, e, quiçá, a vida como peregrino nesta Terra.



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