("FUMUS BONI JÚRIS")

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Didática do Ensino Superior



                               Sebastião fernandes - 2012
             Didática do Ensino Superior



 Produção textual:

             Chegamos ao final do cronograma do Curso de Pós Graduação em Direito Penal da FIJ e o fechamento é com tema. Didática do Ensino Superior.   
                A docência no Ensino Superior requer um profissional que, mediante habilidosa combinação de suas habilidades pessoais com as expectativas dos estudantes e as exigências do ambiente, seja capaz de garantir um aprendizado agradável e eficiente. A educação é o elemento-chave na construção de uma sociedade fundamentada na informação, no conhecimento e no aprendizado. É uma estratégia da sociedade para facilitar que cada indivíduo alcance o seu potencial e para estimular cada indivíduo a colaborar com outros em ações comum na busca de bem comum. Os universitários necessitam de informações precisas, úteis para o aprimoramento de seus conhecimentos, nesse mundo que esta em constante evolução. Contudo, com linguagem simples e conteúdo voltado à prática, convém que se apresentem as características dos estudantes universitários de hoje e do relacionamento professor-estudante, também, apresentar tópicos que constituem as bases do planejamento e da execução das atividades docentes no Ensino Superior como formulação de objetivos, seleção de conteúdos, técnicas de exposição, técnicas de discussão, aprendizagem baseada em problemas, atividades extraclasse, tecnologia de ensino e avaliação da aprendizagem.
            A formação de um educador como profissional na área acadêmica fica muito além de sua experiência prática e seus conhecimentos fora dela. É preciso de conhecimentos que criem uma interface entre o empirismo e a arte de como ensinar de forma científica. Neste contexto, a titularidade de um docente com vasta experiência não-acadêmica e com formação pedagógica e didática, tendo como pilares a arte e ciência da educação e do ensino, é de essencial importância para que a educação chegue aos educandos de forma correta e assimilativa. A didática do ensino é uma extraordinária técnica para o ensinamento dos alunos, pois mostra que saber ensinar não é somente ter experiência fora da sala de aula. Precisa saber como lhe dar com os alunos de forma científica, apresentando as técnicas corretas para o ensino-aprendizado correto.   As relações entre o corpo docente e discente no âmbito de ensino-aprendizagem nas escolas de Ensino Superior do Brasil vêm se aperfeiçoando de acordo às exigências dos novos tempos.
               
                A didática e a formação do professor:
 
              O termo “didática” deriva do grego didaktiké, que significa arte de ensinar. Segundo GIL (2007, p.2) seu uso foi difundido com o aparecimento da obra de Jan Amos Comenius (1592- 1670), Didática Magna, ou Tratado da arte universal de ensinar tudo a todos, publicada em 1657. Hoje são muitas as definições para esse termo, mas quase todas apresentam como ciência, arte ou técnica de ensino. A Pedagogia é reconhecida como a arte e a ciência da educação, enquanto a Didática é conhecida como a ciência e a arte de ensino. Para Masetto apud Gil (2007, p.2), “Didática é ‘o estudo do processo de ensino-aprendizagem em sala de aula e de seus resultados’ e surge quando há intervenção dos adultos na atividade de aprendizagem dos jovens e crianças através de planejamento e pré-exame do ensino, que difere das intervenções feitas ao modo espontâneo de antes. Até o final do século XIX, a Didática era fundamentada quase exclusivamente nos conhecimentos filosóficos. Isso pode ser constatado não somente nas obras de Comenius, mas também nas de Jean Jacques Rousseau (1712-1778), Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827), Johann Friedrich Herbart (1777-1841) e de outros pedagogos desse período. Os trabalhos desses autores são bastante adiantados em relação às concepções psicológicas dominantes da época.
            
              A partir do final do século XIX, a Didática passou a buscar fundamentos também nas ciências, especialmente na Biologia e na Psicologia, graças às pesquisas experimentais. No início do século XX, surgem os movimentos de reforma escolar tanto na Europa quanto na América, como estudamos. Por conseguinte, esses movimentos reconheciam a insuficiência da didática tradicional e aspiravam a uma educação que levasse em conta os aspectos psicológicos envolvidos no processo de ensino. Essas tendências pedagógicas são denominadas de Pedagogia da “Escola Nova”. Esses movimentos surgiram dentro de um contexto histórico-social que teve como foco principal o processo de industrialização, com a burguesia reafirmando a supremacia de sua classe e difundindo suas idéias liberais. 

         A Escola Nova tinha a pretensão de ser um movimento de renovação pedagógica, e fundamentalmente técnico, que buscava a aplicação educativa de conhecimentos derivados das ciências do comportamento. No entanto, a partir do século XX á didática passou a seguir os princípios da Escola Nova. Nessa perspectiva, passou-se a valorizar os princípios de atividade, liberdade e individualização. Exclui-se a visão de que a criança era um adulto em miniatura, acreditando nela como um ser capaz de se adaptar a cada uma das fases de sua evolução. A idéia basilar da Escola Nova é de que o aluno aprende melhor por si próprio. A preocupação com as diferenças individuais e a utilização do lúdico educativo passaram, portanto, a ter maior destaque. Nesse momento a Escola Nova passou a considerar o aluno como sujeito da aprendizagem. O professor ficaria incumbido de colocar o aluno em situações de mobilização global de suas atividades, possibilitando a manifestação de atividades verbais, escritas, plásticas, ou de qualquer outro tipo. O centro da atividade escolar não seria, no entanto, nem o educador nem a matéria, mas o aluno ativo e investigador. Ao professor caberia essencialmente incentivar, orientar e organizar as situações de aprendizagem, adequando-as às capacidades e as características individuais dos alunos. 

             No Brasil, os conceitos da Escola Nova foram conhecidos na década de 1920 e com muito prestígio após a Revolução de 1930, graças ao trabalho de educadores como Fernando de Azevedo, Anísio Teixeira e Lourenço Filho. Estes conceitos, portanto, receberam enumeras criticas, principalmente de educadores clássicos. A Escola Nova foi acusada de não exigir nada dos alunos, de abrir mão dos conteúdos tradicionais e de acreditar ingenuamente em sua espontaneidade. Mesmo com as mudanças entrelaçadas da Revolução de 1930, não foram suficientes para abalar significativamente o conservadorismo das elites brasileiras. A Escola Nova não conseguiu modificar de maneira significativa os métodos utilizados nas escolas brasileiras.
             Do início da década de 1950 a 1970 o ensino da Didática privilegiou métodos e técnicas de ensino com vistas a garantir a eficiência da aprendizagem dos alunos e a defesa de sua neutralidade científica. O tecnicismo passa a assumir um posicionamento fundamental da educação e principalmente no ensino da didática. A didática passou a salientar a elaboração de planos de ensino, a formulação de objetivos, a seleção de conteúdos, as técnicas de exposição e de condução de trabalhos em grupo e a utilização de tecnologias a serviço das atividades educativas. A didática passa a ser vista como um conjunto de estratégicas para o alcance da obtenção da educação, confundindo-se com a metodologia do ensino. Seus propósitos eram, entretanto, os de fornecerem ajudas metodológicas aos educadores para ensinar bem, sem se perguntar a serviço do que e a quem ensina.
            No fim da década de 1970 acentuaram-se as críticas a essa didática com caráter instrumental, sobretudo em relação às conjecturas da neutralidade científica e técnicas que a envolvem. A didática, nessa ótica, pode ser entendida como um conjunto de conhecimentos técnicos apresentados de forma global e não vinculados aos problemas que fazem parte dos sentidos e dos fins educacionais. As principais críticas a essa didática tem sido feitas por educadores vinculados ao seguimento conhecido como didática crítico-social dos conteúdos. Quem as defende acredita que é necessário, em primeiro lugar, definir um projeto de sociedade que complete a escola com função de transformação da realidade na qual se inseri.
              Segundo especialista os debates em relação á didática é muito concentrado. Na verdade, essa disciplina nuca foi fechada em si mesma. É o que prova a própria necessidade de várias qualidades: didática renovada, psicológica, sociológica, filosófica, moderna, geral, especial etc. Essa polêmica, entretanto, não parece com tanto destaque em relação ao ensino universitário. Embora vários estudiosos da educação insistam na importância da aquisição de conhecimentos e habilidades pedagógicas pelos professores no mesmo nível de ensino, muito deles não reconhecem a importância da didática para sua formação.
             Cabe ressaltar que vários professores universitários não dispõem de preparação pedagógica. E também, ao contrário dos que lecionam em outros níveis, muitos professores universitários exercem duas atividades: a de profissional de determinada área e a de docente, com ênfase na primeira. Por essa razão, conferem menos atenção às questões de natureza didática de que os professores dos demais níveis, os que recebem formação pedagógica.

               Ensino-aprendizagem
 
             Uma dos questionamentos relacionados com a ação do professor universitário refere-se à relação entre ensino e aprendizagem. Esse assunto é bastante controvérsio, apesar de alguns autores considerarem uma falsa polêmica. Uma das opções feitas pelo professor é dada entre o ensino ministrado e a aprendizagem adquirida pelo aluno. Muitos professores ao se colocarem á frente da sala de aula, tendem a se ver como especialistas na disciplina que ministram a um grupo de alunos interessados em assistir suas aulas. As atividades desses professores que faz a reprodução dos processos pelos quais passaram ao longo da sua formação, concentram-se em suas qualidades e habilidades.
              Entretanto, há educadores que vêem os alunos como os principais agentes do processo educativo. Verificam como estão suas aptidões, suas necessidades e interesses, para que possam buscar as melhores informações e auxiliá-los no desenvolvimento de suas habilidades, na modificação de atitudes e comportamentos e na busca de novos significados das coisas e dos fatos. As atividades desses educadores estão centradas nos discentes, em suas aptidões, capacidades, expectativas, interesses, possibilidades, oportunidades e condições para aprender. Atuam, portanto, como facilitadores da aprendizagem. Os educadores progressistas, preocupados com uma educação para mudança, constituem os exemplos mais claros de adoção desta postura. Nessa ótica, os discentes são incentivados a expressar suas próprias idéias, a investigar com independência e a procurar os meios para o seu desenvolvimento individual e social.

                    Abordagem do processo de ensino
 
              A educação jamais poderá ser uma realidade acabada. Por ter características de fenômenos humanos e históricos, tende a ser abordada sob diferentes aspectos. MIZUKAMI (1986) apud GIL (2007 p.10). define cinco abordagens: tradicional, comportamentalista, humanista, cognitivista e sociocultural, que serão apresentadas a seguir: 

A abordagem tradicional: Privilegia o professor como especialista, como elemento fundamental na transmissão dos conteúdos. O aluno considerado um receptor passivo, até que, de posse dos conhecimentos necessários, torna-se capaz de ensiná-los a outros e a exercer eficientemente uma profissão. Essa abordagem denota uma visão individualista do processo educativo e do caráter cumulativo do conhecimento. O ensino é caracterizado pelo verbalismo do professor e pela memorização do aluno. Sua didática pode ser resumida em “dar a lição” e “tomar a lição”, e a avaliação consiste fundamentalmente em verificar a exatidão da reprodução do conteúdo comunicado em aula. 

Abordagem comportamentalista ou behavioristas: O conhecimento é resultado direto da experiência. A escola é reconhecida como a agência que educa formalmente e os modelos educativos são desenvolvidos com base na análise dos processos, por meio dos quais os comportamentos são modelados e reforçados. O professor é visto como um planejador e educacional que transite conteúdos que tem como objetivo o desenvolvimento de competências. Para Skinner, um dos principais teóricos desta abordagem, a realidade é um fenômeno objetivo e o ser humano é um produto do meio, podendo, portanto, ser controlado e manipulado. Dessa forma, o ensino se dá num processo que tem como modelo a instrução programada, na qual assume fundamental importância o controle do trabalho pelo professor, não sendo relevante as atividades autônomas dos estudantes. 

Abordagem humanista: Foca predominantemente o desenvolvimento da personalidade dos indivíduos e tem Carl Rogers como um de seus principais teóricos. O professor não transmite conteúdos, mas dá assistência aos estudantes, atuando como facilitador da aprendizagem. O conteúdo emerge das próprias experiências dos estudantes, que são considerados num processo contínuo de descoberta de si mesmos. A ênfase é no sujeito, mas uma condição necessária para desenvolvimento individual é o ambiente. Assim, a escola é vista como a instituição que deve oferecer condições que possibilitem a autonomia dos alunos.

Abordagem cognitivista: É fundamentalmente interacionista. O conhecimento é entendido como o produto das interações entre sujeito e objeto, não enfatizando nenhum pólo dessa relação, como acontece na abordagem comportamentalista, que enfatiza o objeto, e na humanista, que enfatiza o sujeito. Os principais representantes desta corrente são Jean Piaget e Jerome Bruner. O Cognitivismo considera o indivíduo como um sistema aberto, que passa por estruturações sucessivas, em busca de um estágio final nunca alcançado completamente. Assim, a escola deveria proporcionar aos estudantes oportunidades de investigação individual que lhe possibilitasse aprender por si próprio. O ensino compatível com essa abordagem deveria fundamentar-se no ensáio-e-erro, na pesquisa e na solução de problemas por parte dos estudantes e não na aprendizagem de definições, nomenclaturas e fórmulas. A estratégia geral do processo seria a de ajudar ao estudante no desenvolvimento de um pensamento autônomo, crítico e criativo. Não seriam privilegiadas ações finalistas, mas mediadoras do processo de aprendizagem. Estas deveriam contribuir para organização do raciocínio com vistas a lidar com informações estabelecer relações entre conteúdos e conduzir a uma generalização cognitiva que possibilitasse sua aplicação em outras situações e momentos da aprendizagem. Aos professores caberia proporcionar a orientação necessária para que os objetos pudessem ser explorados pelos estudantes sem o oferecimento de soluções prontas. 

Abordagem sociocultural: Enfatiza os aspectos socioculturais que envolvem o processo de aprendizagem. Assim como o construtivismo, esta abordagem pode ser considerada interacionista. No entanto, confere ênfase especial ao sujeito como elaborador e criador do conhecimento. O ser humano torna-se efetivamente um “ser sujeito” à medida que, integrado ao seu contexto, reflete sobre ele e toma consciência de sua historicidade. A educação torna-se, portanto, fator de suma importância na passagem das formas mais primitivas de consciência crítica. Sendo o ser humano sujeito de sua própria educação, as ações educativas devem ter como principal objetivo promovê-lo e não ajustá-lo a sociedade. Um dos principais representantes desta corrente é Paulo Freire, para quem existe uma verdadeira educação problematizadora, que auxilia na superação da relação opressor-oprimido. A essência desta educação a dialogicidade, por meio da qual educar e educando tornam sujeitos de um processo em que crescem juntos. Nessa abordagem, o conhecimento deve ser entendido como uma transformação contínua e não transmissão de conteúdos programados.
                Cabendo salientar que as novas tecnologias de comunicação produzidas por meio da informática cresceram de maneira acentuada e ensejaram progressos extraordinários. Assegura-se que o conhecimento se tornou a indústria que proporciona à economia a matéria-prima fundamental e central de produção.
             Segundo Shannon (1949) e Weaver (1975), a palavra comunicação tem um sentido amplo, incluindo todos os procedimentos que uma mente pode acionar para influenciar outra. Isso, evidentemente, inclui não só a linguagem escrita ou falada, mas também a música, as artes plásticas, o teatro, a dança e, na realidade, todo comportamento humano.
             Nos dias atuais, cogita-se que a metade da força de trabalho e metade do Produto Interno Bruto nos países desenvolvidos correspondem às denominadas indústrias de informação, telecomunicações, processamento de dados, publicação e educação. A influência que as novas tecnologias da comunicação e em particular a computação passaram a exercer no âmbito educacional deve ser analisada de maneira responsável e consciente. Sem dúvida, todos os membros da sociedade contemporânea, independentemente do nível de escolaridade ou classe social, serão verdadeiros párias sociais, na era da comunicação, caso lhes seja negado acesso à capacitação das seguintes habilidades:
¾ comunicar-se em língua nativa, lendo, escrevendo, falando ou estudando;
¾ operar equipamentos eletrônicos que estarão presentes no trabalhos, no lar, na escola, na igreja e nos locais de lazer;
¾ tomar decisões nas quais as informações crescem exponencialmente a cada dia.
             Diante da realidade expressa, é necessário desenvolver e avaliar programas de educação e capacitação que permitam aos vários estratos da sociedade tomar conhecimento das novas tecnologias, sabendo utilizá-las sem frustrações e evitando que essas novas técnicas dominem seus usuários e os escravizem em vez de libertá-los.
              Portanto, devido à extensão dos assuntos abordados e as diversas técnicas de ensino existentes, não há como já relatamos, condições de esgotarmos o assunto em epígrafe, resumindo no momento a essa breve síntese de encerramento para o referido curso. Agradecemos a todo o corpo docente da FIJ, toda a atenção dispensada, e certamente muito contribuíram para o nosso crescimento profissional.        


 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BELLONI, Maria Luiza. Educação à distância. Campinas : Autores Associados, 1999. 

LITWIN, Edith. et al. Tecnologia educacional: políticas, histórias e propostas. Tradução de Ernani Rosa. Porto Alegre : Artes Médicas, 1997. Título original: Tecnología educativa, historias, propuesta. 

SAMPAIO, M. Narcizo; LEITE, Lígia Silva. Alfabetização tecnológica do professor. Petrópolis : Vozes, 2000.

GUTIERREZ, Francisco; PRIETO, Daniel. A Mediação pedagógica: educação à distância alternativa. Campinas : Papirus, 1994. 


OUTRAS FONTES

Pesquisas pela Internet – “ Diversos sites jurídicos”

Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT.

http://www.signorelli.srv.br