("FUMUS BONI JÚRIS")

domingo, 9 de agosto de 2009

RENÚNCIA AO PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
















CARTA DE RENÚNCIA DE ARMANDO VALLADARES AO PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS


O comunicado de imprensa da Human Rights Fundation (HRF) sobre os acontecimentos de Honduras não reflete a verdade nem relata historicamente os fatos tal como se sucederam.
Por esta razão, por meu desacordo absoluto com essa declaração, renuncio de forma irrevogável ao meu cargo


Sr.
Thor Halvorssen
Presidente de Human Rights Foundation (HRF)
Nova York

Meu caro Thor.
O comunicado de imprensa [1] da Human Rights Fundation (HRF) sobre os acontecimentos de Honduras não reflete a verdade nem relata historicamente os fatos tal como se sucederam.
Armando Valladares: coerência na sua luta em prol da liberdade
Agora estou na Itália, não tenho tempo para uma análise mais extensa.[2] Porém o Presidente Zelaya foi e é um traidor da Democracia. Elegeu-se enganando seus compatriotas. Quando chegou ao poder graças a essa fraude, mudou ideologicamente e começou a executar seu plano para aniquilar a democracia, como o fez Chávez na Venezuela, Morales na Bolívia, e Correa o está fazendo no Equador. Zelaya faz parte da grande conspiração neocomunista que pretende se apoderar da América Latina.
A estratégia tem sido a mesma: chegar ao poder através de eleições e depois mudar a Constituição, dissolver os Parlamentos e se perpetuar no poder, e ao final se declarar marxista como Evo Morales.
O que Zelaya fez para executar esses planos era ilegal. Quis mudar a Constituição para se reeleger. A Corte Suprema advertiu-o de que essa manobra era inconstitucional e ilegal. O Congresso também lhe comunicou que sua pretensão violava a Constituição hondurenha e era ilegal, ao contar com o apoio e o dinheiro de um governo estrangeiro (todo o material eleitoral veio da Venezuela em um avião enviado por Chávez).
Apesar das advertências da Corte Suprema, deu continuidade aos seus planos de aniquilar a Democracia em seu país, onde imperava a lei. Com base no império da lei a Corte Suprema deu ordem ao Exército (que não deve defender o Presidente mas a Constituição) que prendesse Zelaya e o expulsasse do país. Isso não é um golpe de Estado, não há militares governando Honduras.
Embora a OEA antes disso tivesse visto Zelaya atuar ilegalmente, não disse uma só palavra. Quando a Corte Suprema advertiu-o de que sua pretensão era ilegal, a OEA e os que hoje rasgam suas vestes observavam em silêncio cúmplice como o traidor Zelaya tratava de mergulhar seu país no totalitarismo e de transformá-lo em uma outra Venezuela, Bolívia ou Cuba.
O comunicado da HRF é sob o aspecto histórico incorreto, deixando-se levar pela covarde cumplicidade dos que, por falta de valor, deixam de fazer ou não se atrevem a dizer as coisas como são. Não fui informado previamente dessa declaração, nem de sua publicação, de que tive conhecimento aqui na Itália.
Por esta razão, por meu desacordo absoluto com essa declaração, renuncio de forma irrevogável ao meu cargo de Chairman da Fundação de Direitos Humanos (HRF), e também a qualquer cargo na mesma, seja de membro do Diretório Internacional ou qualquer outro. Rogo-lhe, como Presidente que tem o encargo das atividades diárias da HRF, que seja dado andamento para a minha renúncia, de minha parte tomarei a mesma providência.[3]
Armando Valladares
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NOTAS DO EDITOR DE SACRALIDADE:

[1] O Comunicado de Imprensa HRF pede a suspensão do governo antidemocrático de Honduras, publicado em 30 de junho de 2009 em Nova York, pode ser lido em espanhol no site da HRF.
[2] A Carta foi publicada em 02/07/2009 no site de exilados cubanos Nuevo Acción com o título Renuncia Armando Valladares a la Fundación de Derechos Humanos.



[3] A Fundação de Direitos Humanos é uma organização apolítica dedicada a defender os direitos humanos em toda a América. Tem sede em Nova York, 5ª Avenida. Integram seu Conselho Internacional o dissidente soviético Vladimir Bukovsky, o enxadrista Garry Kasparov, Elie Wiesel, Álvaro Vargas Llosa e outras personalidades de renome mundial. Integram seu Diretório o norte-americano Thor Halvorssen (Presidente), Armando Valladares (Secretário Geral) e demais Vogais ou Conselheiros.
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* Armando Valladares, ex-preso político cubano, é autor do livro autobiográfico Contra Toda Esperanza e ex-embaixador estadunidense ante a Comissão de Direitos Humanos de Genebra. Viajou à Itália para receber um prêmio internacional por seu trabalho jornalístico em defesa da liberdade em Cuba e no mundo inteiro, e de lá enviou a referida Carta de Renúncia.
— Tradução: André F. Falleiro Garcia

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