Sebastião fernandes - 2012
Didática do Ensino Superior
Produção
textual:
Chegamos ao final do cronograma do Curso de Pós Graduação em Direito
Penal da FIJ e o fechamento é com tema. Didática do Ensino Superior.
A docência no Ensino Superior requer um
profissional que, mediante habilidosa combinação de suas habilidades pessoais
com as expectativas dos estudantes e as exigências do ambiente, seja capaz de
garantir um aprendizado agradável e eficiente. A educação é o
elemento-chave na construção de uma sociedade fundamentada na informação, no
conhecimento e no aprendizado. É uma estratégia da sociedade para facilitar que
cada indivíduo alcance o seu potencial e para estimular cada indivíduo a
colaborar com outros em ações comum na busca de bem comum. Os universitários necessitam de informações
precisas, úteis para o aprimoramento de seus conhecimentos, nesse mundo que
esta em constante evolução. Contudo, com linguagem simples e conteúdo voltado à
prática, convém que se apresentem as características dos estudantes
universitários de hoje e do relacionamento professor-estudante, também, apresentar
tópicos que constituem as bases do planejamento e da execução das atividades
docentes no Ensino Superior como formulação de objetivos, seleção de conteúdos,
técnicas de exposição, técnicas de discussão, aprendizagem baseada em
problemas, atividades extraclasse, tecnologia de ensino e avaliação da
aprendizagem.
A formação de um educador como
profissional na área acadêmica fica muito além de sua experiência prática e
seus conhecimentos fora dela. É preciso de conhecimentos que criem uma
interface entre o empirismo e a arte de como ensinar de forma científica. Neste
contexto, a titularidade de um docente com vasta experiência não-acadêmica e
com formação pedagógica e didática, tendo como pilares a arte e ciência da educação
e do ensino, é de essencial importância para que a educação chegue aos
educandos de forma correta e assimilativa. A didática do ensino é uma
extraordinária técnica para o ensinamento dos alunos, pois mostra que saber
ensinar não é somente ter experiência fora da sala de aula. Precisa saber como
lhe dar com os alunos de forma científica, apresentando as técnicas corretas
para o ensino-aprendizado correto. As relações entre o corpo docente e
discente no âmbito de ensino-aprendizagem nas escolas de Ensino Superior do
Brasil vêm se aperfeiçoando de acordo às exigências dos novos tempos.
A didática e a formação do professor:
O termo “didática” deriva do grego didaktiké,
que significa arte de ensinar. Segundo GIL (2007, p.2) seu uso foi difundido
com o aparecimento da obra de Jan Amos Comenius (1592- 1670), Didática Magna,
ou Tratado da arte universal de ensinar tudo a todos, publicada em 1657. Hoje
são muitas as definições para esse termo, mas quase todas apresentam como ciência,
arte ou técnica de ensino. A Pedagogia é reconhecida como a arte e a ciência da
educação, enquanto a Didática é conhecida como a ciência e a arte de ensino.
Para Masetto apud Gil (2007, p.2), “Didática é ‘o estudo do processo de
ensino-aprendizagem em sala de aula e de seus resultados’ e surge quando há
intervenção dos adultos na atividade de aprendizagem dos jovens e crianças
através de planejamento e pré-exame do ensino, que difere das intervenções
feitas ao modo espontâneo de antes. Até
o final do século XIX, a Didática era fundamentada quase exclusivamente nos
conhecimentos filosóficos. Isso pode ser constatado não somente nas obras de
Comenius, mas também nas de Jean Jacques Rousseau (1712-1778), Johann Heinrich
Pestalozzi (1746-1827), Johann Friedrich Herbart (1777-1841) e de outros
pedagogos desse período. Os trabalhos desses autores são bastante adiantados em
relação às concepções psicológicas dominantes da época.
A partir do final do século XIX, a Didática passou a buscar fundamentos
também nas ciências, especialmente na Biologia e na Psicologia, graças às
pesquisas experimentais. No início do século XX, surgem os movimentos de
reforma escolar tanto na Europa quanto na América, como estudamos. Por
conseguinte, esses movimentos reconheciam a insuficiência da didática
tradicional e aspiravam a uma educação que levasse em conta os aspectos
psicológicos envolvidos no processo de ensino. Essas tendências pedagógicas são
denominadas de Pedagogia da “Escola Nova”. Esses movimentos surgiram dentro de
um contexto histórico-social que teve como foco principal o processo de
industrialização, com a burguesia reafirmando a supremacia de sua classe e
difundindo suas idéias liberais.
A Escola Nova tinha a pretensão de ser um
movimento de renovação pedagógica, e fundamentalmente técnico, que buscava a
aplicação educativa de conhecimentos derivados das ciências do comportamento.
No entanto, a partir do século XX á didática passou a seguir os princípios da
Escola Nova. Nessa perspectiva, passou-se a valorizar os princípios de
atividade, liberdade e individualização. Exclui-se a visão de que a criança era
um adulto em miniatura, acreditando nela como um ser capaz de se adaptar a cada
uma das fases de sua evolução. A idéia basilar da Escola Nova é de que o aluno
aprende melhor por si próprio. A preocupação com as diferenças individuais e a
utilização do lúdico educativo passaram, portanto, a ter maior destaque. Nesse
momento a Escola Nova passou a considerar o aluno como sujeito da aprendizagem.
O professor ficaria incumbido de colocar o aluno em situações de mobilização
global de suas atividades, possibilitando a manifestação de atividades verbais,
escritas, plásticas, ou de qualquer outro tipo. O centro da atividade escolar
não seria, no entanto, nem o educador nem a matéria, mas o aluno ativo e
investigador. Ao professor caberia essencialmente incentivar, orientar e
organizar as situações de aprendizagem, adequando-as às capacidades e as
características individuais dos alunos.
No Brasil, os conceitos da Escola Nova foram conhecidos na década de
1920 e com muito prestígio após a Revolução de 1930, graças ao trabalho de
educadores como Fernando de Azevedo, Anísio Teixeira e Lourenço Filho. Estes
conceitos, portanto, receberam enumeras criticas, principalmente de educadores
clássicos. A Escola Nova foi acusada de não exigir nada dos alunos, de abrir
mão dos conteúdos tradicionais e de acreditar ingenuamente em sua
espontaneidade. Mesmo com as mudanças entrelaçadas da Revolução de 1930, não
foram suficientes para abalar significativamente o conservadorismo das elites
brasileiras. A Escola Nova não conseguiu modificar de maneira significativa os
métodos utilizados nas escolas brasileiras.
Do início da década de 1950 a 1970 o ensino da Didática privilegiou
métodos e técnicas de ensino com vistas a garantir a eficiência da aprendizagem
dos alunos e a defesa de sua neutralidade científica. O tecnicismo passa a
assumir um posicionamento fundamental da educação e principalmente no ensino da
didática. A didática passou a salientar a elaboração de planos de ensino, a
formulação de objetivos, a seleção de conteúdos, as técnicas de exposição e de
condução de trabalhos em grupo e a utilização de tecnologias a serviço das
atividades educativas. A didática passa a ser vista como um conjunto de
estratégicas para o alcance da obtenção da educação, confundindo-se com a
metodologia do ensino. Seus propósitos eram, entretanto, os de fornecerem
ajudas metodológicas aos educadores para ensinar bem, sem se perguntar a
serviço do que e a quem ensina.
No fim da década de 1970 acentuaram-se as críticas a essa didática com
caráter instrumental, sobretudo em relação às conjecturas da neutralidade
científica e técnicas que a envolvem. A didática, nessa ótica, pode ser
entendida como um conjunto de conhecimentos técnicos apresentados de forma
global e não vinculados aos problemas que fazem parte dos sentidos e dos fins
educacionais. As principais críticas a essa didática tem sido feitas por
educadores vinculados ao seguimento conhecido como didática crítico-social dos
conteúdos. Quem as defende acredita que é necessário, em primeiro lugar,
definir um projeto de sociedade que complete a escola com função de
transformação da realidade na qual se inseri.
Segundo especialista os debates em
relação á didática é muito concentrado. Na verdade, essa disciplina nuca foi
fechada em si mesma. É o que prova a própria necessidade de várias qualidades:
didática renovada, psicológica, sociológica, filosófica, moderna, geral,
especial etc. Essa polêmica, entretanto, não parece com tanto destaque em
relação ao ensino universitário. Embora vários estudiosos da educação insistam
na importância da aquisição de conhecimentos e habilidades pedagógicas pelos
professores no mesmo nível de ensino, muito deles não reconhecem a importância
da didática para sua formação.
Cabe ressaltar que vários professores universitários não dispõem de
preparação pedagógica. E também, ao contrário dos que lecionam em outros níveis,
muitos professores universitários exercem duas atividades: a de profissional de
determinada área e a de docente, com ênfase na primeira. Por essa razão,
conferem menos atenção às questões de natureza didática de que os professores
dos demais níveis, os que recebem formação pedagógica.
Ensino-aprendizagem
Uma dos questionamentos relacionados com a ação do professor
universitário refere-se à relação entre ensino e aprendizagem. Esse assunto é
bastante controvérsio, apesar de alguns autores considerarem uma falsa
polêmica. Uma das opções feitas pelo professor é dada entre o ensino ministrado
e a aprendizagem adquirida pelo aluno. Muitos professores ao se colocarem á
frente da sala de aula, tendem a se ver como especialistas na disciplina que
ministram a um grupo de alunos interessados em assistir suas aulas. As
atividades desses professores que faz a reprodução dos processos pelos quais
passaram ao longo da sua formação, concentram-se em suas qualidades e
habilidades.
Entretanto, há educadores que vêem os alunos como os principais agentes
do processo educativo. Verificam como estão suas aptidões, suas necessidades e
interesses, para que possam buscar as melhores informações e auxiliá-los no
desenvolvimento de suas habilidades, na modificação de atitudes e
comportamentos e na busca de novos significados das coisas e dos fatos. As
atividades desses educadores estão centradas nos discentes, em suas aptidões,
capacidades, expectativas, interesses, possibilidades, oportunidades e condições
para aprender. Atuam, portanto, como facilitadores da aprendizagem. Os
educadores progressistas, preocupados com uma educação para mudança, constituem
os exemplos mais claros de adoção desta postura. Nessa ótica, os discentes são
incentivados a expressar suas próprias idéias, a investigar com independência e
a procurar os meios para o seu desenvolvimento individual e social.
Abordagem
do processo de ensino
A educação jamais poderá ser uma realidade acabada. Por ter
características de fenômenos humanos e históricos, tende a ser abordada sob
diferentes aspectos. MIZUKAMI (1986) apud GIL (2007 p.10). define cinco
abordagens: tradicional, comportamentalista, humanista, cognitivista e
sociocultural, que serão apresentadas a seguir:
A abordagem
tradicional: Privilegia o professor como especialista, como
elemento fundamental na transmissão dos conteúdos. O aluno considerado um
receptor passivo, até que, de posse dos conhecimentos necessários, torna-se
capaz de ensiná-los a outros e a exercer eficientemente uma profissão. Essa
abordagem denota uma visão individualista do processo educativo e do caráter
cumulativo do conhecimento. O ensino é caracterizado pelo verbalismo do
professor e pela memorização do aluno. Sua didática pode ser resumida em “dar a
lição” e “tomar a lição”, e a avaliação consiste fundamentalmente em verificar
a exatidão da reprodução do conteúdo comunicado em aula.
Abordagem
comportamentalista ou behavioristas: O conhecimento é
resultado direto da experiência. A escola é reconhecida como a agência que
educa formalmente e os modelos educativos são desenvolvidos com base na análise
dos processos, por meio dos quais os comportamentos são modelados e reforçados.
O professor é visto como um planejador e educacional que transite conteúdos que
tem como objetivo o desenvolvimento de competências. Para Skinner, um dos
principais teóricos desta abordagem, a realidade é um fenômeno objetivo e o ser
humano é um produto do meio, podendo, portanto, ser controlado e manipulado.
Dessa forma, o ensino se dá num processo que tem como modelo a instrução
programada, na qual assume fundamental importância o controle do trabalho pelo
professor, não sendo relevante as atividades autônomas dos estudantes.
Abordagem
humanista: Foca predominantemente
o desenvolvimento da personalidade dos indivíduos e tem Carl Rogers como um de
seus principais teóricos. O professor não transmite conteúdos, mas dá
assistência aos estudantes, atuando como facilitador da aprendizagem. O
conteúdo emerge das próprias experiências dos estudantes, que são considerados
num processo contínuo de descoberta de si mesmos. A ênfase é no sujeito, mas
uma condição necessária para desenvolvimento individual é o ambiente. Assim, a
escola é vista como a instituição que deve oferecer condições que possibilitem
a autonomia dos alunos.
Abordagem
cognitivista: É fundamentalmente interacionista. O
conhecimento é entendido como o produto das interações entre sujeito e objeto,
não enfatizando nenhum pólo dessa relação, como acontece na abordagem
comportamentalista, que enfatiza o objeto, e na humanista, que enfatiza o
sujeito. Os principais representantes desta corrente são Jean Piaget e Jerome
Bruner. O Cognitivismo considera o indivíduo como um sistema aberto, que passa
por estruturações sucessivas, em busca de um estágio final nunca alcançado
completamente. Assim, a escola deveria proporcionar aos estudantes
oportunidades de investigação individual que lhe possibilitasse aprender por si
próprio. O ensino compatível com essa abordagem deveria fundamentar-se no
ensáio-e-erro, na pesquisa e na solução de problemas por parte dos estudantes e
não na aprendizagem de definições, nomenclaturas e fórmulas. A estratégia geral
do processo seria a de ajudar ao estudante no desenvolvimento de um pensamento
autônomo, crítico e criativo. Não seriam privilegiadas ações finalistas, mas
mediadoras do processo de aprendizagem. Estas deveriam contribuir para
organização do raciocínio com vistas a lidar com informações estabelecer
relações entre conteúdos e conduzir a uma generalização cognitiva que
possibilitasse sua aplicação em outras situações e momentos da aprendizagem.
Aos professores caberia proporcionar a orientação necessária para que os
objetos pudessem ser explorados pelos estudantes sem o oferecimento de soluções
prontas.
Abordagem
sociocultural: Enfatiza os aspectos socioculturais que envolvem
o processo de aprendizagem. Assim como o construtivismo, esta abordagem pode
ser considerada interacionista. No entanto, confere ênfase especial ao sujeito
como elaborador e criador do conhecimento. O ser humano torna-se efetivamente
um “ser sujeito” à medida que, integrado ao seu contexto, reflete sobre ele e
toma consciência de sua historicidade. A educação torna-se, portanto, fator de
suma importância na passagem das formas mais primitivas de consciência crítica.
Sendo o ser humano sujeito de sua própria educação, as ações educativas devem
ter como principal objetivo promovê-lo e não ajustá-lo a sociedade. Um dos
principais representantes desta corrente é Paulo Freire, para quem existe uma
verdadeira educação problematizadora, que auxilia na superação da relação
opressor-oprimido. A essência desta educação a dialogicidade, por meio da qual
educar e educando tornam sujeitos de um processo em que crescem juntos. Nessa
abordagem, o conhecimento deve ser entendido como uma transformação contínua e
não transmissão de conteúdos programados.
Cabendo salientar que as novas tecnologias de comunicação produzidas por
meio da informática cresceram de maneira acentuada e ensejaram progressos
extraordinários. Assegura-se que o conhecimento se tornou a indústria que
proporciona à economia a matéria-prima fundamental e central de produção.
Segundo Shannon (1949) e Weaver (1975), a palavra comunicação tem um
sentido amplo, incluindo todos os procedimentos que uma mente pode acionar para
influenciar outra. Isso, evidentemente, inclui não só a linguagem escrita ou
falada, mas também a música, as artes plásticas, o teatro, a dança e, na
realidade, todo comportamento humano.
Nos dias atuais, cogita-se que a metade da força de trabalho e metade do
Produto Interno Bruto nos países desenvolvidos correspondem às denominadas
indústrias de informação, telecomunicações, processamento de dados, publicação
e educação. A influência que as novas tecnologias da comunicação e em
particular a computação passaram a exercer no âmbito educacional deve ser
analisada de maneira responsável e consciente. Sem dúvida, todos os membros da
sociedade contemporânea, independentemente do nível de escolaridade ou classe
social, serão verdadeiros párias sociais, na era da comunicação, caso lhes seja
negado acesso à capacitação das seguintes habilidades:
¾ comunicar-se em língua
nativa, lendo, escrevendo, falando ou estudando;
¾ operar equipamentos
eletrônicos que estarão presentes no trabalhos, no lar, na escola, na igreja e
nos locais de lazer;
¾ tomar decisões nas quais as
informações crescem exponencialmente a cada dia.
Diante da realidade expressa, é necessário desenvolver e avaliar
programas de educação e capacitação que permitam aos vários estratos da
sociedade tomar conhecimento das novas tecnologias, sabendo utilizá-las sem
frustrações e evitando que essas novas técnicas dominem seus usuários e os
escravizem em vez de libertá-los.
Portanto, devido à extensão dos assuntos abordados e as diversas
técnicas de ensino existentes, não há como já relatamos, condições de
esgotarmos o assunto em epígrafe, resumindo no momento a essa breve síntese de
encerramento para o referido curso. Agradecemos a todo o
corpo docente da FIJ, toda a atenção dispensada, e certamente muito
contribuíram para o nosso crescimento profissional.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BELLONI, Maria Luiza. Educação à distância.
Campinas : Autores Associados, 1999.
LITWIN, Edith. et al. Tecnologia educacional:
políticas, histórias e propostas. Tradução de Ernani Rosa. Porto Alegre : Artes
Médicas, 1997. Título original: Tecnología educativa, historias,
propuesta.
SAMPAIO, M. Narcizo; LEITE, Lígia Silva. Alfabetização
tecnológica do professor. Petrópolis : Vozes, 2000.
GUTIERREZ, Francisco; PRIETO, Daniel. A Mediação
pedagógica: educação à distância alternativa. Campinas : Papirus,
1994.
OUTRAS FONTES
Pesquisas
pela Internet – “ Diversos sites jurídicos”
Instituto Brasileiro de
Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT.
http://www.signorelli.srv.br
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